Asma, por definição, é uma "respiração difícil". Tecnicamente, a asma é a dificuldade de aerar os pulmões causada por uma diminuição do calibre das vias aéreas superiores, dificultando a inspiração, condição que produz aquele chiado característico da doença.
Essa "respiração difícil" tem diferentes causas, o que a torna comum a muitas doenças, o que sempre a obriga a se fazer acompanhada de um ?sobrenome?: cardíaca, catarral, alérgica, induzida pelo esporte... Induzida pelo esporte?!
Pois é! A asma pode ser induzida pela atividade física e tornar-se um problema de saúde com interferência direta no desempenho do atleta, como as demais que provocam essa respiração difícil.
Sua causa precisa ainda é incerta e objeto de pesquisa. A explicação que conta com maior número de adeptos entre os pesquisadores é de que o espasmo (contração) dos músculos lisos (involuntários) que causa a dificuldade na respiração, somado ao chiado característico da asma (induzida pelo esforço) vem da desidratação e inflamação dessas vias, em consequência de exercício de alta intensidade e de tempo prolongado.
A essa condição somam-se fatores ambientais, como temperatura, umidade e poluição atmosférica, partículas e substâncias causadoras de alergias, pó e pelos de animais, entre outros, e, claro, a genética que dita a vida de cada um de nós.
Estudos mostram que os atletas de alto rendimento também são mais sujeitos à infecção de vias aéreas superiores, atribuída à baixa imunidade, reflexo de treinamento em alta intensidade por tempo prolongado, sem a devida recuperação.
Bom, isso significa que "a atividade física vai me derrubar e jogar na cama doente? Que o melhor é nem sair dela?" Não, claro que não! A atividade física moderada aumenta a resposta imunológica protetora - o que diminui o risco de gripe e resfriado se comparado ao dos sedentários.
Mas e se a asma for alérgica, a mais comum delas? O que podemos fazer para esses indivíduos, muitos dependentes de remédios broncodilatadores, as famosas bombinhas? Devemos restringir sua atividade a ponto de torná-lo sedentário? Mais uma vez a resposta é não!
Esses portadores de asma, pelo contrário, devem ser estimulados a praticar exercícios físicos regulares, como todos na população. É evidente que com cuidados especiais como evitar exercícios ao ar livre nos dias frios, úmidos e com alto índice de poluentes no ar, sem jamais interromperem a medicação sem a indicação do seu médico assistente. Devem adaptar a atividade às condições limitantes impostas pela doença, pelo ambiente e algumas vezes pela medicação.
O treinamento respeitará a intensidade adequada para cada praticante, sempre na faixa moderada. Manter-se hidratado adequadamente, não só durante o treino, é fundamental.
A abordagem principal no programa de treinamento para esses praticantes são os exercícios aeróbios, caminhada, corrida, bicicleta e seus derivados, devem ser praticados 3 a 5 vezes por semana, em intensidade moderada, por tempo que se inicia com 20 minutos e pode progredir até 60 minutos. Intervalos de 10 minutos acontecem sempre que sintoma de dispnéia (falta de ar) ocorrer, podendo até interromper a atividade dependendo da intensidade da crise.
A certeza de que o programa de treino aeróbico associado ao tratamento medicamentoso será um sucesso, impõe trabalho adicional de resistência muscular localizada. Trabalhando grandes grupos musculares 3 vezes por semana cria-se condições de resposta do aparelho locomotor à demanda circulatória adaptada, gerada pelo treinamento aeróbio regular, que exigirá estímulos crescentes.
Completando o programa de treinamento, exercícios de flexibilidade e alongamento garantem amplitude normal de movimentos e distribuição uniforme da carga por toda a superfície da articulação. Devem ser estáticos, ao gosto do praticante e repetidos por 3 vezes na semana.
Claro que você notou que não falamos da natação. Estaria ela indicada? Sim! Excelente exercício aeróbio e tem também a qualidade de auxiliar no ritmo respiratório. Lembramos que o tratamento da água é feito com produtos químicos que podem desencadear crises de asma (alergia) e que as piscinas devem ter temperatura da água e do ambiente controlados. Lembre-se que o exercício não dispensa uso de medicamentos pelos asmáticos, mas pode ser um poderoso aliado no sucesso do tratamento.
E, antes de culpar seu animal de estimação, lembre-se que o exercício em excesso pode ser o causador do chiado que você sente no peito. Lembre-se também de manter suas visitas ao médico sempre atualizadas.
Fonte: Dr. Ricardo Munir Nahas - Médico de Esportes - CRM 34914/SP
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