Ela volta e meia está no jornal. Seja porque certa celebridade anunciou alguma alteração nela, seja porque algum alimento é descoberto como milagroso para ajudar seu funcionamento. Se você pensou na tireoide, acertou. Mas, o quanto é mito e o quanto é verdade quando falamos em funcionamento da tireoide?
Uma das dúvidas muito comuns é se o estresse pode atrapalhar seu funcionamento. O que se sabe certamente é que o estresse crônico grave - aquele que os pacientes internados em hospitais, UTIS, grandes queimados, com doenças graves - pode fazer com que a pessoa desenvolva uma doença chamada "Síndrome do Eutireoidiano Doente".
Nesse caso a hipótese é que para o organismo se defender, ele entre em uma espécie de estado de redução de metabolismo, onde o hormônio T4 é inativado em uma forma chamada T3 reverso. Para casos de estresse que não se encaixam nessas situações de gravidade, alguns estudos indicam que as pessoas que tenham uma genética desfavorável para problemas de tireoide possam ter acelerado o desenvolvimento de doenças de imunidade quando expostas a estados de estresse crônico.
Mas esse ainda é um assunto que suscita muito debate no meio médico científico. Como é possível medir o estresse das pessoas, ou ainda, como é possível medir o efeito do estresse no corpo de cada um? O que estressa uma pessoa não necessariamente afeta outra? Ou seria ainda algum fator ambiental - como certos poluentes - que estaria contribuindo para o desenvolvimento de doenças da tireoide e não necessariamente o estresse? Essas perguntas ainda estão sendo estudadas para melhor desvendar como a tireoide é afetada pelo nosso ambiente externo.
E pensando no ambiente externo é impossível não falar sobre alimentos. Apesar de vários sites advogarem sobre a deficiência de vitamina A e seus efeitos sobre a tireoide, até o momento à luz das evidências científicas essa não é uma associação bem estabelecida. O que é recomendado atualmente sobre vitaminas pela American Thyroid Association, a ATA, é a ingestão adequada de iodo para gestantes (220 a 250 mcg/dia), lactantes (250 a 290 mcg/dia) e adultos (150 mcg/dia). Além disso é recomentado o uso de multivitamínico para gestante.
Quando falamos em vitaminas e tireoide, é impossível deixar de lembrar da vitamina B12. A tireoidite de Hashimoto é uma doença da autoimunidade e em algumas pessoas o organismo pode também fabricar também anticorpos contra uma células bem especiais do estômago, que se chamam células parietais. Essas células são responsáveis por produzir uma substância chamada Fator Intrínseco de Castle. Nome complicado para essa substância que faz uma coisa bem simples. É devido a ela que acontece a absorção da vitamina B12, logo sem essa substância não conseguimos absorver de forma correta a vitamina B12.
Ainda falando sobre minerais, o selênio tem sido visto como o mineral queridinho das dietas quando se trata de ajudar a tireoide. O que se sabe, de forma científica até o momento, é que o selênio age na tireoide ajudando na produção dos hormônios. Países em que pessoas sofrem com deficiência severa de selênio tem maior incidência de casos de hipotireoidismo e formação de nódulos. No entanto, essas regiões também tem graus de deficiência de iodo, o que pode gerar um fator de confusão na análise.
Um estudo feito na Universidade de São Paulo indicou que a ingestão de castanha do Pará (que é riquíssima em selênio) poderia auxiliar no tratamento dos casos de hipotireoidismo. A pesquisa, feita em São Paulo, verificou que a dieta dos pacientes era pobre no mineral e portanto adicionar selênio ao tratamento padrão poderia ajudar o organismo a reduzir a produção de anticorpos que atacam a tireoide ? mas, é importante destacar que nem todos os pacientes foram beneficiados, somente aqueles que apresentavam determinado perfil genético.
Uma situação interessante acontece quando tentamos relacionar a falta de ferro e alterações na tireoide. Pesquisas mais recentes indicam que pode haver associação entre a deficiência de ferro e o desenvolvimento de hipotireoidismo em mulheres grávidas. No entanto, há outras associações que são bem mais claras quando o assunto é ferro. A primeira delas é que no hipotireoidismo certas alterações menstruais (como mudanças no padrão de fluxo em quantidade e irregularidade) podem acontecer.
Dessa forma não é incomum que mulheres com hipotireoidismo desenvolvam anemia por deficiência de ferro. A segunda associação é que quando uma pessoa faz tratamento para hipotireoidismo com levotiroxina, não se deve tomar suplementos de ferro no mesmo horário que o remédio da tireoide, pois o ferro vai impedir a absorção do medicamento.
A tireoide é uma glândula essencial ao funcionamento do organismo. Para nós é muito importante que pesquisas se dediquem a entender melhor o que pode afetar de forma positiva ou negativa seu funcionamento. E assim, com embasamento científico seguir pelo caminho certo!
Fonte: Andressa Heimbecher Soares
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